Deus Salve as Rainhas


O Queens of The Stone Age surgiu em 1996 e originalmente era formado por Josh Homme (V/G), Nick Oliveri (B) e Alfredo Hernandez (D), que eram ex-integrantes do Kyuss, banda que anos antes havia tido grande louvação pela crítica porém havia passado despercebida pelo grande público. A gestação do QOTSA ocorreu durante o que ficou conhecido como “Desert parties”, que eram jam sessions intermináveis organizadas pelo trio e feitas no meio do deserto californiano utilizando um gerador (qualquer semelhança com o Pink Floyd em Pompéia é mera coincidência!). Artistas das mais diversas vertentes musicais eram convidados para essas jams e nesse clima experimental inclusivista, foi de  onde surgiu a proposta mais universal do QOTSA.  A idéia era pegar o stoner rock ( subgênero de bandas que se inspiravam e também copiavam o som saturado e psicodélico de Black Sabbath e Blue Cheer) e fazer música com apelo moderno, que tivesse substância mas fosse também acessível ao ouvinte médio. Essa contradição arte/mercado foi e  é um dos principais charmes da banda, que era prá se chamar “Kings of the Stone Age”, mas que o nome foi considerado machista demais e ficou “Rainhas...”, que era mais de boa.
 

O primeiro material gravado veio em 1998, autointítulado. O disco da calcinha é o mais cru e despretensioso deles. E já de cara uma obra-prima! Os vocais sussurados e riffs robóticos de Homme (uma das abordagens mais criativas do instrumento desde a invenção da guitarra elétrica), o baixo estilo mamute de Oliveri e a bateria simples e eficaz de Hernandez trabalham em cima de composições perfeitas, misteriosas e lascivas. Nesse período tocavam em botecos e pequenos festivais, nem imaginando no que se tornariam. Mas como dizem que quem tem amigos não precisa de dinheiro, Josh Homme tinha alguns amigos e famosos, sendo Dave Grohl o maior deles. Tiete do Kyuss e grande divulgador dos artistas que gosta, não deixava de tecer elogios ao QOTSA quase que a cada entrevista do Foo Fighters.
 

Com excelentes críticas e a base de fãs crescendo consideravelmente, veio dois anos depois "Rated R". Já com vontade de conquistar um público maior, a banda vem com um som mais acessível, dando ênfase em refrãos e apostando na variação de vocalistas: Oliveri assume o vocal principal de diversas faixas, geralmente as mais punk estilo fio desencapado. É chamado também o ex-Screaming Trees Mark Lanegan, que faz uma espécie de irmão mais velho de doideira dos caras e que colaboraria também nos trabalhos posteriores. Uma curiosidade é que Josh Homme participou como músico contratado na última turnê dos Trees. Com um hino (a louvação às drogas “Feel the good hit of summer”, com direito a backing vocals do Rob Halford), esse disco teve bastante aclamação lá fora, o que fez com que passassem pelo Brasil no Rock In Rio 3, em 2001, numa desastrosa apresentação, onde os colocaram para abrir para medalhões do metal como Sepultura e Iron Maiden e sofreram total falta de respeito do público. Um fiasco, o que levou a banda a demorar quase 10 anos para voltar ao Brasil novamente.


Em 2002 há uma das mais felizes combinações musicais, como também uma senhora estratégia de marketing: Dave Grohl grava um disco com a banda. Não só um disco, mas o maior álbum do milênio até agora. Era só o que o QOTSA precisava para ganhar o status de mega, com o baterista de uma das bandas mais influentes de todos os tempos dando aquela força. Mas de nada adiantaria a ajuda de Grohl se o material não fosse de primeira. E “Songs for the deaf” com sua atmosfera freneticamente tensa, bruta, cínica e escapista é um arregaço, não deixando pedra sobre pedra. Durante a turnê de "Songs...", Nick Oliveri sai da banda, o que redirecionou o som do grupo e  repercute até os dias de hoje. Sim, o cara faz muita falta!
 

Um clima deprê é a tônica do próximo lançamento, "Lullabyes to paralise". Apesar de ter algumas músicas muito boas, no geral  é um álbum arrastado e o primeiro vacilo na carreira deles.
 
Natasha Shneider, a tecladista de origem russa que ajudou a formar a cara do Queens pós-saida -do-Oliveri. Morreu precocemente de câncer aos 52 anos, em 2008, sendo homenageada com um show. 
Com as críticas fracas e estranhamento de boa parte dos fãs, Josh concentrou forças para o lançamento do próximo álbum, o ótimo "Era Vulgaris", que é bem mais rock e que consegue manter o nível pelo disco todo, tanto por algumas músicas que viraram hits da banda como por pérolas escondidas por todo o álbum.
 
QOTSA versão 2014
Um hiato de 5 anos e em 2013 vem o aguardado “Like clockwork”, num estilo paradeira que remete ao clima do “Lullabyes to paralise”. Mesmo assim é obrigatório, como todo disco da banda, possuindo composições fortes e emocionantes. Para a turnê desse disco o  QOTSA vem ao Brasil pela quarta vez para duas apresentações, o que sempre causa bastante expectativa e  furor. Verdade seja dita, depois da saída do Oliveri a banda nunca mais foi a mesma, mas até esse QOTSA mais domesticado que anda pela Terra é infinitamente superior e mais interessante a tudo o que o aconteceu no rock mainstream depois do surgimento deles. Josh continua tocando o puteiro!

O que que tá pegando? (Rio Grande do Sul)


Finalmente, depois de um BOM tempo sem escrever nada por aqui, faço meu retorno. Bem, estou nos momentos finais de minha faculdade e antecipei minha monografia, por isso me ausentei da página por um tempo, mas vamos ao que interessa agora.

Já tava a um tempo planejando fazer esse post, creio que vai ser uma parada meio mensal ou rotineira, pois quero fazer dessa coluna um boletim sobre o que tá rolando aqui no estado ( no melho estilo "Scene Report" da Maximum Rocknroll). Sem falar pros leitores de outras regiões saberem o que rola de bandas interessantes por aqui. Vou tentar ser o mais amplo possível e falar até de gêneros que não é de praxe da nossa página, então vamos lá:


SNOW TWINS


Vindos de Osório, eles são uma dupla (ou casal, como preferir chamar) que, mesmo com um visual e formação que fazem parecer que são um White Stripes da vida, vão destruir suas expectativas. O som dos caras é um garage rock fuderoso, no melhor estilo Detroit 69 que deixariam os Stooges e MC5 orgulhosos. No momento eles tem um álbum e 2 músicas novas, quem quiser escutar e acompanhar os caras é só ver o facebook deles para mais informações. Pois o rock'n'roll está vivo e muito bem, obrigado.


DEVIR


Vindo de Santa Cruz do Sul, o quarteto faz um hardcore/post hardcore na vibe de grupos como Husker Du, Cap'n'Jazz e At The Drive In ( além de um arzinho D.C. da linha do Rites Of Spring, Embrace e afins). Arranjos simples, melódicos e bem construídos, letras bem escritas e com assuntos até curiosamente politizados pra o gênero, como legalização da prostituição(PL 98/2003) e a vida de crianças em zonas de guerra( Forgotten). Os caras agora lançaram um álbum com 7 canções que pode ser escutado e baixado de graça neste link, quem quiser saber mais informações da banda só seguir o facebook dos caras.



INFINITUM 


Saindo um pouco do eixo de sons mais hardcore/roque selvagem/metal do blog, vamos falar da Infinitum. O quinteto de Porto Alegre é do polêmico(?) gênero do metalcore, mas o grupo tem uma vibe um pouco diferente do esperado. Os breakdowns e vocais melosos estão ali? Sim, estão, mas o modo que eles são elaborados saem um pouco das fórmulas permeadas que permeiam o estilo, sem falar dos assuntos das letras, no caso do single Aames, cujo nome e conceito foram inspirados pelo filme Vanilla Sky. No momento eles estão para lançar um EP, mas o grupo já tem 2 músicas na rede e quem quiser acompanhar ou saber mais dos caras só seguir o facebook deles. Para quem curte um som na pilha de bandas como Architects, Northlane, Tesseract e A Última Theoria, sinta-se servido.




ALÉM DO FIM


Mais uma da curiosa safra metalcore que tem por aqui, com influências que vão da nova geração do gênero como Parkway Drive e While She Sleeps, passando pro deathcore do Suicide Silence e Chelsea Grin e tentando trazer um pouco do tal do djent praticado por bandas como Volumes e Northlane. Os caras já lançaram um EP ano passado e o debut está pra sair esse ano, para mais informações do grupo só seguir o facebook dos caras. Mais um nome diferenciado pra geração que prefere breakdown, vale lembrar também que o EP dos caras estava na minha lista de melhores lançamentos de 2013.


ROTTEN FILTHY


Thrash/Death de Cachoeira do Sul, a banda tem uma influência dos sons do Cavalera (Soulfly, Sepultura, Nailbomb) e toda geração mais moderna do thrash, como Machine Head. Mas mesmo de tanto metaleirismo, há uma influênciazinha hardcore. Os caras lançaram um EP chamado Empires Will Fall e ainda esse ano também lançam o seu primeiro álbum, Inhuman Sovereign. Quem quiser saber mais dos caras só checar o facebook deles.


BAD TASTE



Death Metal massacrante de Cachoeirinha. Na vibe de monstruosidades como Cannibal Corpse, Dying Fetus e Decapitated os caras fazem uma sonzeira brutal, rápida e técnica sem soar entediante, trilha perfeita para quebrar dentes. Os caras já tem um EP e estão compondo músicas para um trabalho novo, na qual um dos singles já saiu. Mais informações da banda só acompanhar o facebook do grupo.




EVERYONE GOES TO SPACE



O trio porto alegrense faz um pop punk/emocore na linha das bandas clássicas do gênero como Jawbreaker e Sunny Day Real Estate, extremamente melódico simples, calmo e relaxante. A demo é um daqueles discos que você dá o play, fecha os olhos, se deixa levar pela música e milhões de pensamentos passam pela cabeça. Aqui está o facebook dos caras para saber mais, desfrutem.


DPSMKR



Um cara (ou mais) de Porto Alegre, uma guitarra, muita psicodelia e loops. Não preciso dizer mais nada, dá o play e se deixe levar pela chapação sonora do cara, em 3 anos de existência o projeto já teve 6 "álbuns" que podem ser baixados e escutados online no bandcamp dele. Dpsmkr também lança alguns materiais físicos, mas são em quantidades absurdamente limitada (o debut tinha 20 cópias, por exemplo), acompanhado de fotos. O negócio é uma experiência audiovisual hipnótica e transcendental, escute pelo menos uma vez apenas pela experiência. Aqui tá o facebook para mais informações, caso queira cópias do cd ou ver algum dos raríssimos shows do projeto.


Por enquanto é isso, haverão outras sessões do "Que que tá pegando, RS?", pois tem MUITA coisa que deixei passar, creio que farei isso mensalmente (ou bimestralmente). Nos vemos na próxima e espero que curtam minhas trocentas recomendações, apoie a cena que você acha que merece ficar viva.