Capitaneada por Dylan Carlson, o Earth foi formado na cidade
de Olympia (vizinha à Seattle) no início da década de 90. Sem vocalista e tendo
como base a guitarrra minimalista e viajera de Carlson, a banda soa como um alienígena,
sendo difícil de classificá-la em qualquer ‘cena musical’.
O nome ‘Earth’ foi escolhido porque esse foi usado pelo
Black Sabbath em seus primeiros dias. Lembrando que a banda de Toni Iommi era cultuada em níveis
obsessivos na região noroeste dos Estados Unidos por esse período. Mas apesar da inegável adoração, eram diferentes de qualquer coisa stoner ou doom. Colocando drones em evidência como nenhuma outra banda de rock pesado
havia feito antes, criaram um novo estilo musical, que já foi rotulado de Ambient
metal, Drone metal e Drone doom.
Os drones, que são
notas, acordes ou progressões repetidos
à exaustão para criar um efeito hipnótico,foram usados pela primeira vez pelo
compositor minimalista La Monte Young nos anos 50.
No universo metálico, o próprio Black Sabbath e os Melvins foram os que
mais utilizaram desse recurso, porém não como razão de ser do seu trabalho.
Dylan Carlson (de pé) , Kurt Cobain e Mark Lanegan: Bonde da Orgia de Travecos |
O primeiro trabalho,
o EP “Extra-Capsular Extraction”, já chama muito a atenção pela ousadia da proposta, percebendo-se combinações bem
díspares: riffs na linha Sabbath, o estrondo dissonante do Throbbing
Gristle, longos improvisos
guitarrísticos à Neil Young e o space rock de grupos como Hawkwind e Pink Floyd
. Nesse disco há a participação de Kurt Cobain fazendo alguns vocais e guitarras. Dylan era um dos melhores amigos de Kurt. Ironicamente foi quem vendeu a ele a arma usada em seu suicídio.
O próximo lançamento, "Earth 2" é o ápice do radicalismo
sonoro adotado pelo Earth. Feedback e distorção sem trégua nas três faixas que
compõem o disco, que soam como se o
Melvins estivesse fazendo uma versão de ‘Sister Ray”,do
Velvet Underground.. Earth 2 é
considerado pela crítica como seu disco mais importante e definitivo.
Em 1996 vem um disco com estrutura mais convencional, "Pentastar: In the Style of the Demons" , com clara
influência grunge. A densa e robótica faixa de abertura entrou na trilha sonora do filme ‘Kurt
and Courtney’, em que o próprio Dylan Carlson aparece dando entrevista em
estado lástimável, com feridas na pele e fala desconexa. Ele passava na época
por um pesado vício em drogas.
Dylan Carlson em "Kurt & Courtney" |
Por conta dos problemas de Dylan, passam quase 10 anos sem gravar. Somente em 2005
vem “Hex; Or Printing in the Infernal
Method”, que marca um novo direcionamento artístico, saindo um pouco do barulho
e seguindo com uma maior preocupação em
criar música mais climática, começando a mostrar forte
influência de country, folk e jazz. As trilhas sonoras de filmes ‘western spaggheti’ e a clássica abertura do
seriado Twin Peaks são as primeiras coisas que vem à cabeça ao ouvir esse álbum.
Seu último lançamento até agora, “Primitive and deadly”, saiu no ano passado , tendo vocais em algumas faixas, dessa vez o convidado ilustre sendo o Mark Lanegan. Disco maravilhoso. Destaca-se também a arte de capa do lp, uma das mais bonitas deles, que sempre capricharam muito nesse quesito.
O duplo “Angels of darkness, Demons of light” inova ao
incorporar violino à sonoridade do grupo e que miraculosamente não atrapalha o
som da banda. Dai para frente passam a contar com uma violinista em turnê.
Seu último lançamento até agora, “Primitive and deadly”, saiu no ano passado , tendo vocais em algumas faixas, dessa vez o convidado ilustre sendo o Mark Lanegan. Disco maravilhoso. Destaca-se também a arte de capa do lp, uma das mais bonitas deles, que sempre capricharam muito nesse quesito.
Com Dylan Carlson sob controle, excursionando e
lançando álbuns muito bem recepcionados
por fãs e crítica, o Earth colhe hoje um pouco do reconhecimento que sempre lhe
fora devido. Só nos resta torcer (e assinarmos muita petição on-line) para que
façam uma turnê aqui.