Fukpig - O punk está morto, agora é necropunk


O blog esteve parado esses dias devido ao Maurício estar tendo problemas com a internet. Então como eu não tenho postado muita coisas esses dias, resolvi da um update para nossos leitores não se sentirem no vácuo. Vamos lá então:


Fukpig é uma banda britânica que se auto rotula como "necropunk", o que diabos é isso? Pelo que se ouve, uma mistura de grindcore com black metal e crust punk. Tipo um Impaled Nazarene no Rapture, só que com mais influências de Disrupt e Extreme Noise Terror. Iniciado em 2001 e depois entrando em hiato (já que quase todos os membros do Fukpig são do Anaal Nathrakh), porém em 2008 voltaram a ativa e  começaram a gravar material sem parar até agora.

Ao vivo a banda usa máscaras e capuzes que parecem mais com um Klu Klux Klan invertido com paint corpse de Black metal, mas já que a formação é basicamente o Anaal sem o Mick Kenney, entenderia que tal decisão seria para não confundir o público. Mas e a música? A mistura do black metal "no core, no mosh, no fun" vai dar certo com a barulhada do grindcore?

Drunk no stage diving, onde está seu Euronymous agora?
Mas é claro que sim, o que acho até o mais curioso é o uso de teclados e corais (fakes de sintetizador, mas ainda corais) nas canções. O que seria de músicas como "The Horror is Here" sem aquela intro? Adiciona um ar e personalidade único na parada.


O Fukpig tem 3 álbuns, 1 EP, 2 splits e 2 demos. Não tenho muito por onde recomendar, pois eles não mudam tanto a sonoridade de um álbum pro outro (exceto Depths Of Humanity, que é um Crust/Grind comedor de cus!), mas só sacar o Bandcamp dos caras, todos os discos (exceto o 3) e músicas estão lá com download no modo "pague o quanto quiser", só pegar lá!


Discografia:
Depths Of Humanity (Demo, 2001)
Spewings from a selfish nation (2009)
Belief Is The Death Of Intelligence (2010)
Batcave Full Of Bastards (EP, 2011)
Split com Selfless (2011)
3 (2012)
Split com Kroh (2012)
Bombs Of War (Demo, gravada em 2002 mas só lançada em 2012)

Life Is A Lie - Os Tiranos do "Blackcore"


Não, meus caros, não é nenhum gênero novo no qual gravadoras e garotos bem vestidos querem usar dos extremismos pra promoverem suas vaidades e estupidez. LIAL uma daquelas pérolas kvlt escondidas no meio do Brasil, como o ROT, I Shot Cyrus, Sick Terror e Point Of No Return.

Vindos de São Paulo e formado das cinzas do Parental Advosory, o Life Is A Lie é aquele tipo de grupo que tu não vê alguém fazer algo semelhante, uma mistura do niilismo e barulho grindero do Cripple Bastards com o "feeling maligno" de bandas de black metal como o Impaled Nazarene. 


No quesito lírico, temos outra coisa única, misantropia e filosofia são o foco principal, nada de panfletarismos ou sonhos utópicos onde um mundo será um grande squat comunitário e feliz. Para complementar, todas as letras de seus discos são acompanhadas de um comentário, além de um manifesto introdutório que acompanham cada full length.


Após 2 álbuns, participações em 2 coletâneas e um split com o ROT, a banda terminou, porém deixaram uma grande marca na cena nacional. Hoje em dia, os membros ainda atuam, alguns tocando em outras bandas como Le Mars, outros continuam em meios literários como o blog Dissolve Coagula e a editora Ugra Press.


Faço questão de que os leitores deste blog conhecam o Life Is A Lie, escutem, apreciem e disseminem as belas obras desses caras. Ainda mais que o hardcore/grind brazuca tem muito a oferecer e inspira até bandas tributo do gênero no exterior (coisa que deixaremos pra outro post).


Abaixo está um link para download do álbum "Tomo II - Sobre Os Fundamentos Da Ordem". E de bônus para curiosos, coloco esse vídeo do live do Parental Advisory.


Discografia:
Life is a Lie - 2002
Tomo II: Sobre os Fundamentos d'A Ordem - 2007
Life Is A Lie / ROT Split - 2008

Download: Tomo II

Harm's Way - O Verdadeiro Hardcore marombado


Harm's Way é uma dessas bandas que surgiu nesse novo boom do "hardcore metálico" nos anos 2000. Porém  diferente de maioria das bandas do gênero, os caras fogem das políticas, veganismo e atitude positive core, além de terem começado tocando um powerviolence lo-fi da porra.


Vindos de Chicago, a banda aposta em sons viscerais, blast beats e alguns trechos arrastados com breakdowns de verdade (não aqueles códigos binários em forma de tablatura). No quesito de letras a temática dos caras é aquele negative mental attitude demonstrado em bandas como Kickback, Integrity e etc...


Outro detalhe é que maioria dos membros do Harm's Way já tocam em outros grupos que perpetuam desgraça sonora, entre os mais conhecidos estão Nails, Disgrace e Weekend Nachos. Sem falar do semi dublê de Bruce Banner nos vocais, que já rendeu tantas piadas sem graça na internet em relação a sua alergia com camisetas e ser Straight Edge.
 

Como a banda é recente, só tiveram 5 lançamentos, porém cada um tem características bem diferenciadas, da podridão e velocidade do EP Imprisoned, passando pra um hardcore/powerviolence com alguns pitacos de grooves nova iorquinos e bastante rolos de baterias tribalescos no álbum Reality Approaches. Chegando finalmente no Isolation, onde a banda flerta até mesmo com um industrial na linha de nomes como Godflesh.

Tome um Whey, pegue seus pesos, começe a malhar, queime suas camisas youth crew, tatue seu corpo e mande um Slam Dance ao som dessa desgraceira (de preferência deixe vítimas, MUITAS delas...) 


Discografia:
Imprisoned 7" (2007)
Harm's Way 7''(2008)
Reality Approaches (2009)
No Gods, No Masters (2010)
Isolation (2011)

Baixe aqui o Isolation

Le Scrawl - Porque o barulho pode ser elegante


Dessa vez acho vou fazer um post curto e direto, pois não tem muita história pra essa banda, até porque é o tipo de coisa que você deveria estar ouvindo ao invés de ler sobre, seu mero mortal.

Vamos falar sobre uma banda que funde a classe da música Lounge, com o tom refinado do Jazz, a energia e simpatia do Ska, finalizando tudo com um tempero de..........grindcore? Sim, isso mesmo, grindcore!


Então, o Le Scrawl é este grupo de "jazzgrind" (que por incrível que pareça, não é a única banda do gênero) que deseja. Formado em 1991, a banda lançou pouco material. Porém já tem um certo reconhecimento na cena, que lhes rendeu até participações no todo poderoso Obscene Extreme Fest, o anti-Rock In Rio.

Sobre a sonoridade deles: Alegre, dançante, classudo e realmente aborda todos os gêneros citados acima. É o tipo de banda que você poderia ter dançarinos de frevo no meio do circle pit. O Le Scrawl por enquanto só lançou 4 cds nesses mais de 20 anos de carreira.
 

 O mais curioso é que a banda não é a primeira a fazer essa mistura peculiar, John Zorn (jazzista) já mostrava seu gosto por bandas como Napalm Death, porém ele fazia músicas de jazz que usavam elementos do grindcore e punk rock no geral (procure por Naked City e Painkiller).

Enfim, abaixo estará o link do cd Eager To Please e discografia para vocês procurarem na interwebz, aproveitem:


Discografia:
Scrawl (1993)
Q (1994)
Too Short To Ignore (compilação) (2003)
Eager To Please (2004)
Whisky a go go EP (2008)
Snowblind (2010)

Downloads:

Kickback - Eles não tem o PMA


PMA, Positive Mental Attitude, algo que tem infestado a mentalidade do garoto hardcore desde o tempo de bandas do Youth Crew. Normalmente isso era atrelado a aquela turma de moleque que usa jerseys, faz malhação, come brócolis e não bebe nem usa drogas, mais ou menos uma espécie de garoto que toda mãe sempre quis, mas curte ouvir uns punk rock e fazer slam dance.

Porém a história de "família, respeito, ruas, seja sempre positivo e confie nos seus amigos" nunca caiu na mente de certos grupos do hardcore, entre alguns deles Integrity, Gehenna, Slapshot, entre outras que um dia citarei no blog. Logo faziam uma coisinha que muitos chamam de "Negative Hardcore".


 Nessa história de hardcore com pensamento negativista, surge na França o Kickback. Cansados da sociedade chique européia e o fato de viverem num país onde existem seres como Valfunde e Jean Pierre Jeunet, esses comedores de baguete formaram uma das bandas mais violentas da cena hardcore mundial...


Dizem que é comum rolar sempre pancadaria nos shows, mas não só por causa de públicos bebados e irritados, mas também ataques da própria banda contra espectadores "distraídos". Como pode ver nas fotos mais acima, até tocam em puteiro, o que eles querem é causar a discórdia e aparecer no Cidade Alerta.

Bem, vamos a música agora: Kickback no começo de sua carreira seguia a linha bem típica do hardcore noventista, porém conforme os álbuns iam sendo lançados, a sonoridade fica cada vez mais violenta, assim como os temas. Suas líricas abordam niilismo, violência sexual, decadência humana, entre as influências maiores da banda estariam Marquês de Sade, Peter Sotos e Gaspar Noé (rolam rumores de que o próprio quase gravou um clipe com a banda).


Porém  do álbum "No Surrender" em diante, os franceses começaram a adotar aspectos musicais do Black Metal e os vocais parecem cada vez mais perturbadores. No álbum "Et Le Diable Rit Avec Nuos" é onde a banda atinge seu ápice da insandidade, músicas com riffs dissonantes pra caralho, vocais que fazem tu sentir aflições e arranjos completamente non-sense, porém a cereja do bolo vai pra um cover de Geto Boys com a participação de Mike Cheese do Gehenna.


Abaixo deixarei os links de dois álbuns que mostram bem a mudança da cerveja a urina que esses caras fizeram, "Forever War" e "No Surrender". Além do clip lindíssimo de "Le Chant Du Diable", que é a melhor representação visual da banda:
 

Discografia:
No One Gets Out Alive demo (1992)
Cornered (1995)
Forever War (1997)
Les 150 Passions Meurtrières (2000)
No Surrender (2009)
Et Le Diable Rit Avec Nuos (2011)

Download:

Death Side - Japão, Espíritos Ardentes, Punk Rock e Cabelos Aerodinâmicos


Olá amigos, aqui é o Rodrigo Luz, amigo do dono deste blog e um fã de música ruim de gente ruim, como o blog diz. Logo resolvi contribuir a este blog de alguma forma apresentando um pouco desse mundo de arte destrutiva e regressora, vamos começar minha participação com um post sobre uma banda que conseguiu um lugar no meu coração podre e acho que vocês deveriam também ceder esse espaço para eles:

Japão, país do continente asiático, conhecido pela suas tradições, samurais, cultura pop de gosto questionável, robôs gigantes e piadas sobre genitálias pequenas que fariam Carlos Alberto De Nobrega sentir inveja.

"Mas cara, o que tem de música má para pessoas ruins nesse país cheio de otakus, kawaii desu e olhos desproporcionais?" você pergunta, bem, vamos por partes para conseguir sua resposta.


O Japão é conhecido mundialmente no circuito roqueiro underground muito antes do X Japan fazer sucesso.Começava  o sucesso de um tal de "punk rock" por lá, nessa cena surgiu uma coisa chamada "Burning Spirits", uma série de shows que acolhia a nata do hardcore japonês. O sucesso disso foi tanto que fez disso uma espécie de gênero musical regional, que saiu dessas barreiras geográficas (vide Grunge, Death Sueco, NYHC...).
 
Flyer de um dos vários Burning Spirits Tour
Nesse boom surgiu lindezas como GISM, Zouo, Outo, Ghoul, Poison Arts, MOBS, Danse Macabre e Death Side. Uma das características mais notáveis do gênero era a mescla "metal punk" que surgia nas bandas, baterias bate-estaca, riff simples e rápidos, refrões "sing along" (sabe como é, pra cantar junto batendo o pé e a palma da mão) e por último, solos de guitarras ultra melódicos e firulentos que poderiam aparecer num cd de lados B do Iron Maiden ou Saxon.


Um dia retomo todas elas, mas o foco da parada é o Death Side, já manjava algumas bandas do gênero e seu histórico, mas no dia que parei pra escutar esses caras eu caí da cadeira com a porrada sonora que levei. Uma parada energética, furiosa, pesada, mas também com solos épicos, a verdadeira síntese do "metal punk" feito melhor que aquelas bandas de quarto que fazem gravações lo-fi e 1890298340283 músicas sobre satã e como os fãs de qualquer coisa pós anos 90 deveriam morrer enforcados como posers (tem bandas ótimas nesse quesito, mas sempre achei a parada caricata demais).

O grupo teve um ciclo de atividades que durou de 1987 até 1994, rendendo 3 discos e 3 EPS, além de uma caralhada de participações em coletâneas e Splits. Após o fim da banda, outros grupos foram formados (Paintbox, Forward, Smash Detox e Judgement).

Chelsea (R.I.P.), teu legado vive!
Esses japoneses contaram com um dos guitarristas mais fodas do gênero, Chelsea, que também tocava no Poison Arts e manteve as atividades com o Paintbox, porém morreu em 2007. O cara era tão foda que após sua morte, foi criado o "Chelsea No Hi" (vulgo "Chelsea's day"), um festival em sua homenagem contando com bandas com o World Burns To Death, Slang, Blowback, Paintbox; etc...

Logo nem preciso comentar o quão influente esse "gênero" musical e essas bandas são pro hardcore e metal em geral. Poison Idea, Integrity, Doom, entre outros clássicos já pagaram tributos para os Espíritos Ardentes (ou queimando, escolha você sua tradução de teor homoerótico).

Abaixo deixo umas músicas do Death Side e links para download do seu primeiro cd "Wasted Dream"


Discografia:
Satisfy The Instinct EP (1988)
Wasted Dream (1989)
Bet On The Possibility (1991)
Split CD com Chaos UK (1993)
The Will Never Die (1994)
All Is Here Now (1994)

Link para download: