O Oxbow foi formado na Califórnia no final da década de 80 e
é um dos combos mais atípicos e extraordinários já surgidos. Liderado pelo vocalista negro, praticante
de luta amadora e também escritor Eugene Robinson, conseguiram a partir da
herança de bandas barulhentas como Big
Black e Birthday Party criar uma sonoridade bastante particular. Sua música muito visual e a versatilidade da voz de Eugene, dão a sensação de estar dentro de um filme ou jogo de realidade virtual. Poucos conseguem abordar musicalmente sentimentos
conflitivos de forma tão talentosa
quanto o Oxbow: ataques de fúria desesperada alternam-se com atmosferas melancólicas, sinistras e sexy com uma naturalidade que impressiona. É música para pessoas fortes, já que não pegam leve em nenhum
momento com o ouvinte. O próprio nome da banda, que em inglês significa “jugo”
ajuda a dimensionar essa proposta.
Estrearam em disco em
1989 com “Fuckfest”, em que as letras foram retiradas de um bilhete de suicídio escrito por Eugene. O disco, que começa dando uma falsa impressão
de ser um Bad Brains fase Quickness (a primeira música, "Curse") mostra o que
seriam os álbuns seguintes: forte
influência de jazz, tensão, punch brutal e transtorno bipolar. Dizer que
Eugene é um Henry Rollins negro é justo. O gosto pela maromba, spoken words e a necessidade de provocar seu público são
características de ambos os vocalistas (Eugene, tira as roupas durante as
apresentações, terminando por ficar só de cueca; e não poucas vezes já saiu na
porrada com seu público). Acrescento dizendo que o Oxbow é tudo o que a Rollins
Band quis ser musicalmente, mas nunca conseguiu. Sorry, Mr. Rollins.
“King of the jews”, o próximo lançamento tem na capa uma
foto do cantor e ator Sammy Davis Jr. Sammy, judeu negro que teve uma vida no
geral bastante trágica e figura controversa (dentre as muitas curiosidades, era
membro da Igreja de Satã) representa bem o espírito do Oxbow.
O "Rei dos Judeus" |
Mais quatro álbuns se
seguiram: “Let me be the woman” (título sugestivo!), “Serenade in red”, “An
evil heat” e “The narcotic Story”. Todos peças magistrais e que valem tudo
serem ouvidos. Trabalhando em cima de temas ligados quase sempre ao amor que
sempre vai embora ou mesmo que nunca aparece, o som é faca na carne como poucas vezes foi feito.
Participações especiais de gente como Lydia Lunch e Marianne Faithfull dão uma
pista do nível de qualidade do grupo.
Falando de gente famosa, Eugene Robinson participou do projeto Black Face, com o ex-baixista do Black Flag Chuck Dukowski.
O Oxbow promete disco novo ainda para 2014 e já tem até nome
“The Thin Black Duke”, uma referência ao personagem, “Thin White Duke” do David
Bowie. Podemos esperar por mais cinco dedos no meio do cara de pura categoria e
brilhantismo.
Ae, tu é um muleque ZICA! :)
Valeu, Brutal! Fico feliz que tenha curtido.