Dessa vez no Bad Music farei um post de uma banda que acho deveras especial, falaremos de um grupo de músicos que deu um novo molde ao hardcore, vamos falar dos americanos do Catharsis. O grupo é conhecido pela participação de alguns membros no coletivo anarquista Crimethinc, que lança discos e livros independentemente, além de manifestos sobre liberdade individual. Como tenho pouco conhecimento sobre o material desse coletivo, pretendo focar esse post apenas na banda e sua musicalidade, vamos lá então:
Formado em 1994 em Chapel Hill, Carolina do Norte, o grupo constava com Brian Dingledine nos vocais e Alexei Rodriguez nas baquetas, além Mark Dixon e Christopher Higgins assumindo baixo e guitarras respectivamente. Com essa formação gravaram a demo Fall, que já demonstrava uma mescla de hardcore com timbres e andamentos mais típicos do metal. Depois de mudanças na formação, foi gravado um EP em 1995 e um álbum em 1996, ambos tendo o nome da banda como título.
Nesses trabalhos nota-se que uma evolução no som do grupo, os vocais de Brian estão cada vez mais rudes e tendendo aos guturais ao invés de meros gritos típicos da cena na época, Alexei já começou a fazer linhas de baterias com bastante bumbo duplos. Nas influências de notam toques de Integrity, Starkweather, His Hero Is Gone, Breakdown (o qual fazem um cover) e até mesmo Amebix. Depois mais mudanças ocorreram na formação e assim começam as gravações do seu segundo álbum: Samsara
Samsara saiu em 1997 e já chama a atenção na primeira faixa, com um canto de ópera e pianos seguidos de um feedback, seguido da faixa Exterminating Angel, com isso já notamos que o Catharsis demonstra uma evolução sonora gigantesca. A ausência de refrão, mudanças de tempos, trechos em spoken word, blast beats e pedais duplos. As letras de Brian contem letras apocalípticas com mensagens políticas e anarquistas sobre a sociedade, ambiente e as transgressões que certas evoluções causam. Outro detalhe curioso nesse álbum é a existências de faixas com mais de 6 minutos (o que é absurdo quando falamos de hardcore), e nessas composições nota-se um quê de Neurosis.
Depois de Samsara, o grupo lançou o split Live In The Land Of The Dead que tem duas versões: uma com os americanos do Gehenna, outra que saiu numa colaboração com o selo brasileiro Liberation na qual eles dividem o split com os paulistas do Newspeak. Ambos os splits contem as mesmas canções ( The Sacred and Profane, What The Thunder Said e a arrastadíssima e atmosférica Unbowed).
Em 1999 o grupo lança seu terceiro álbum, Passion, dedicado ao guitarrista Dan Young que morreu durante as gravações. Agora o som está completamente amadurecido, as epopéias hardcore que seviam em Samsara atingem seu ápice aqui, faixas divididas em partes (como as dobradinhas Passion.../...Obsession e a Threshold com Duende). Faixas extensas, riffs arrastados, mais trechos declamados e até mesmo a existência de um reggae para quebrar o clima apocalíptico do álbum, Deserts Without Mirages, na qual Brian diz ser influenciado por Peter Tosh, além da canção ter declarações de uma música de Goodspeed You! Black Emperor. O álbum se encerra com a obra prima Sabbath (The Dervish Dance), uma obra quase esotérica e sampleando uma canção folclórica búlgara.
Após esse álbum, em 2001 o grupo gravou suas duas últimas canções Arsonist's Prayer e Absolution, a primeira foi usada para um split com o grupo de post hc húngaro Newborn, enquanto a segunda nunca foi terminada, pois a banda encerrou as atividades. Em 2012 Brian Dingledine e Jimmy Chang gravaram os vocais e guitarras que faltavam em Absolution, em 2013 a banda se reuniu para fazer apresentações e lançaram o box-set Light From A Dead Star, contendo toda discografia da banda. Não se sabe se a reunião gerará um disco novo, mas os fãs ficam na expectativa. Veja um dos shows de reunião abaixo: