Integrity - Os pregadores do hardcore apocalíptico (primeira parte)


Quando o Maurício criou esse blog, sabia que seria inevitável ele falar de Poison Idea um dia, assim como pra mim seria inevitável falar sobre esses caras aqui. Essa banda é uma das poucas na qual posso dizer que sou "fã", os caras sempre me influenciaram como músico e pessoa. Então vamos falar sobre a entidade negra do hardcore: Integrity.

Como o post vai ser MUITO longo, terei que dividí-lo em duas partes, nessa primeira abordarei o que muitos admiradores consideram como a "época de ouro" da banda, que contava com os irmãos Melnick e rendeu as obras mais famosas do grupo:


Formado em 1989, a banda teve inúmeras mudanças nas suas formações, seu único membro fixo e mentor do grupo é o vocalista Dwid Hellion. Influenciados por bandas como Mighty Sphincter, Septic Death, Motörhead, Zouo, GISM e Samhain, os caras criaram uma sonoridade que para alguns pode ser denominado como os primórdios do metalcore, para outros o início do hardcore "negativista", mas o que se pode dizer que eles são uma banda única e sem precendentes.


Além da música, suas letras apocalípticas, as imagens e histórias bizarras que envolvem o seu infame frontman fazem com que a banda criasse um status cultuado e divisor. Não é o tipo de música que cria meios termos.


Começando com o nome Diehard em 1988, após um ano de duração a banda trocou de nome e mudou sua formação, mantendo apenas Dwid nos vocais e Aaron Melnick nas guitarras. Em 1990 foi lançado o primeiro EP In Contrast Of Sin, pela Victory Records, nesse trabalho vemos um hardcore bem típico dessa época de transição que havia nos Estados Unidos, flertando com grooves, sing alongs e andamentos arrastados vindos do metal.


Em 1991 é lançado o debut Those Who Fear Tomorrow, mantendo a linha do seu EP, a banda começa a usar temáticas mais obscuras para suas letras, além de flertarem mais e mais com o metal, o uso de bumbo duplos e solos mais frequentes. A partir desse disco o grupo começou a ter uma grande notoriedade, em 1992 houve o controverso show "Palm Sunday" no bar local Peabody's, onde Dwid provocou um membro no público, essa pessoa tentou esfaqueá-lo e no fim acabou cortando o cabo do microfone enquanto cantava a primeira música do show. Resultado: Após o show, Dwid, a banda e boa parte do público perseguiu o agressor pelas ruas e espantando-o do local (abaixo há um vídeo do show com a cena da briga).


Com outra troca de formação, que rendeu a entrada do irmão de Aaron, o baixista Leon Melnick, além de Frank Novinec junto nas guitarras (conhecido hoje pelo seu trabalho no Hatebreed), em 1995 é lançado o álbum Systems Overload, outro sucesso da banda. Apostando em músicas mais rápidas e viscerais (No One, The Screams) e músicas com temáticas mais diferentes (como Armenian Persecution, escrita pelos irmãos Melnick, que tem descendência armênia) e um pequeno traço dos experimentalismos da banda na faixa Unveilled Tomorrows, que sampleia um sinfonia de Schnittke e o uso de elementos de noise.


Em 1996, foi lançado o EP Humanity Is The Devil, com a artwork feita pelo Pushead (vocalista do Septic Death, uma das maiores influências do Integrity). As mesclas com o metal ficam cada vez mais notáveis e também usando de elementos do noise (Dwid tinha um projeto do gênero chamado Psywarfare) na música, além dos conceitos sobre a Process Church Of Final Judgement serem mais visíveis nas letras, o EP é considerado o magnum opus do grupo. De acordo com a banda e o exército americano, as músicas desse trabalho são usadas para táticas de guerra do PSYOPS para torturar e interrogar presos. Segundo Dwid, que sempre gostou do termo de "música como uma arma", é um orgulho paradoxal, pois não esperariam ver ela ser usado nesse tipo de método.


Em 1997, Seasons in the size of Days foi a última obra do que os fãs consideram a "Era Melnick" (ou a era dourada da banda, dependendo do público...),  usando de elementos acústicos e também músicas de sonoridade arrastada (doom/sludge?) e thrash metal (Season Decided Fate).  As líricias e conceitos sobre misticismo, metafísica e terrorismo religioso envolvem essa obra, com a faixas polêmicas como Sarin (sobre os ataques terrorista em 1995 no Japão feito pelo culto religioso de Shoko Asahara) e Burning Flesh Children to Mist, que sampleia os últimos momentos do culto de Jim Jones, onde eles e seus seguidores cometem um suicídio coletivo. Depois a banda se separaria e encerraria as atividades, por um tempo...


Todos os álbuns da banda estão disponíveis para download grátis no site da gravadora de Dwid, Holy Terror Records, apenas clicar nesse link e escolher o que quiser, além de trabalhos de outras bandas lançadas pelo selo.

No próximo post: O retorno como Integrity 2000, To Die For e a era Jochum/+Orr.

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