Integrity - Os pregadores do hardcore apocalíptico (primeira parte)


Quando o Maurício criou esse blog, sabia que seria inevitável ele falar de Poison Idea um dia, assim como pra mim seria inevitável falar sobre esses caras aqui. Essa banda é uma das poucas na qual posso dizer que sou "fã", os caras sempre me influenciaram como músico e pessoa. Então vamos falar sobre a entidade negra do hardcore: Integrity.

Como o post vai ser MUITO longo, terei que dividí-lo em duas partes, nessa primeira abordarei o que muitos admiradores consideram como a "época de ouro" da banda, que contava com os irmãos Melnick e rendeu as obras mais famosas do grupo:


Formado em 1989, a banda teve inúmeras mudanças nas suas formações, seu único membro fixo e mentor do grupo é o vocalista Dwid Hellion. Influenciados por bandas como Mighty Sphincter, Septic Death, Motörhead, Zouo, GISM e Samhain, os caras criaram uma sonoridade que para alguns pode ser denominado como os primórdios do metalcore, para outros o início do hardcore "negativista", mas o que se pode dizer que eles são uma banda única e sem precendentes.


Além da música, suas letras apocalípticas, as imagens e histórias bizarras que envolvem o seu infame frontman fazem com que a banda criasse um status cultuado e divisor. Não é o tipo de música que cria meios termos.


Começando com o nome Diehard em 1988, após um ano de duração a banda trocou de nome e mudou sua formação, mantendo apenas Dwid nos vocais e Aaron Melnick nas guitarras. Em 1990 foi lançado o primeiro EP In Contrast Of Sin, pela Victory Records, nesse trabalho vemos um hardcore bem típico dessa época de transição que havia nos Estados Unidos, flertando com grooves, sing alongs e andamentos arrastados vindos do metal.


Em 1991 é lançado o debut Those Who Fear Tomorrow, mantendo a linha do seu EP, a banda começa a usar temáticas mais obscuras para suas letras, além de flertarem mais e mais com o metal, o uso de bumbo duplos e solos mais frequentes. A partir desse disco o grupo começou a ter uma grande notoriedade, em 1992 houve o controverso show "Palm Sunday" no bar local Peabody's, onde Dwid provocou um membro no público, essa pessoa tentou esfaqueá-lo e no fim acabou cortando o cabo do microfone enquanto cantava a primeira música do show. Resultado: Após o show, Dwid, a banda e boa parte do público perseguiu o agressor pelas ruas e espantando-o do local (abaixo há um vídeo do show com a cena da briga).


Com outra troca de formação, que rendeu a entrada do irmão de Aaron, o baixista Leon Melnick, além de Frank Novinec junto nas guitarras (conhecido hoje pelo seu trabalho no Hatebreed), em 1995 é lançado o álbum Systems Overload, outro sucesso da banda. Apostando em músicas mais rápidas e viscerais (No One, The Screams) e músicas com temáticas mais diferentes (como Armenian Persecution, escrita pelos irmãos Melnick, que tem descendência armênia) e um pequeno traço dos experimentalismos da banda na faixa Unveilled Tomorrows, que sampleia um sinfonia de Schnittke e o uso de elementos de noise.


Em 1996, foi lançado o EP Humanity Is The Devil, com a artwork feita pelo Pushead (vocalista do Septic Death, uma das maiores influências do Integrity). As mesclas com o metal ficam cada vez mais notáveis e também usando de elementos do noise (Dwid tinha um projeto do gênero chamado Psywarfare) na música, além dos conceitos sobre a Process Church Of Final Judgement serem mais visíveis nas letras, o EP é considerado o magnum opus do grupo. De acordo com a banda e o exército americano, as músicas desse trabalho são usadas para táticas de guerra do PSYOPS para torturar e interrogar presos. Segundo Dwid, que sempre gostou do termo de "música como uma arma", é um orgulho paradoxal, pois não esperariam ver ela ser usado nesse tipo de método.


Em 1997, Seasons in the size of Days foi a última obra do que os fãs consideram a "Era Melnick" (ou a era dourada da banda, dependendo do público...),  usando de elementos acústicos e também músicas de sonoridade arrastada (doom/sludge?) e thrash metal (Season Decided Fate).  As líricias e conceitos sobre misticismo, metafísica e terrorismo religioso envolvem essa obra, com a faixas polêmicas como Sarin (sobre os ataques terrorista em 1995 no Japão feito pelo culto religioso de Shoko Asahara) e Burning Flesh Children to Mist, que sampleia os últimos momentos do culto de Jim Jones, onde eles e seus seguidores cometem um suicídio coletivo. Depois a banda se separaria e encerraria as atividades, por um tempo...


Todos os álbuns da banda estão disponíveis para download grátis no site da gravadora de Dwid, Holy Terror Records, apenas clicar nesse link e escolher o que quiser, além de trabalhos de outras bandas lançadas pelo selo.

No próximo post: O retorno como Integrity 2000, To Die For e a era Jochum/+Orr.

Les Legion Noires - As Legiões Negras do Black Metal Francês


Sim, mais um post envolvendo a França, sempre achei o país um polo interessante de música, assim como a Suécia e o Japão, trouxeram cenas bem únicas e difíceis de imitar. No caso de hoje falaremos de uma destas...

As Legiões Negras foi um movimento de bandas de Black Metal e Dark Ambient que surgiram na França. Teve seu suposto início em 1991 e durou até 1998. A maioria dos membros dessa escola musical se isolaram da sociedade e viviam em florestas ou terrenos mais baldios. 


Mas isso não era o peculiar, mas sim o fato de apenas gravarem demos, EPs e álbuns LIMITADÍSSIMOS (estoques de 10, 20 cópias) e todos os seus produtos eram distribuídos para fontes confiáveis (isso mesmo, se você ganhava uma fita desses caras, podia ser considerado o cara mais trve e  fudidão do rolê), e era completamente proibida a venda dessas fitas em lojas e pirataria. Mas creio que vocês já sabem que não ficou por isso, membros do próprio ciclo acabaram fazendo bootlegs e divulgando para mais pessoas, porém esses foram expulsos do LLN.

Por volta de 1996 e 1998 as bandas começaram a ter seu material repercurtindo por toda a Europa e viraram um fenomeno cult, até hoje só tiveram entrevistas saindo numa única zine (era chamada Black Plague) que além de falar dos caras, mostrava um pouco da cena BM Norueguesa. 


Musicalmente, o que eles tem?  Bem, é um black metal da velha escola, absurdamente lo-fi e brutal, bastante uso de bate estacas e riffs inspirados em Bathory, outro fato curioso é que alguns dos projetos usavam de uma língua própria formada pelos próprios membros, esse idioma era o Gloatre, baseado numa mistura de francês com alemão. Porém essa linguagem era usada mais pra escritas de músicas e nomes de projetos quase impronunciaveis, provavelmente um plano para serem evasivos e evitarem mais e mais a divulgação boca a boca.


Então vamos apresentar algumas bandas importantes do meio e seu rápido histórico:

MÜTIILATION
 

Talvez a mais "famosa" do movimento, formada e mentalizada por Meyhna'ch, foi o primeiro grupo do ciclo a lançar material, o EP Hail Sathanas We Are The Black Legions. Mesmo após o fim do LLN, o Mütiilation durou até 2009, fazendo constantes lançamentos além de ser a única banda das legiões que fez alguma performance ao vivo (dois shows que ocorreram em 2001). Em 1996 foi banido por ter sido "junkie" demais, mas seu legado para o gênero foi importante até hoje e é um dos poucos do grupo que pode ser visto publicamente pelos rolês de lá.



TORGEIST


Essa é uma das poucas bandas com formação do grupo, formada por Vordb (baixo), A Dark Soul (baterista anônimo, podia ser qualquer um dos membros), Lord Aäkon Këëtrëh (Guitarras) e Lord Beleth'Rim (Guitarras e vocais). Foram um dos responsáveis pela disseminação do movimento e fizeram as infames vendas de bootlegs e fitas dos próprios. Duraram de 1992 até 1996, depois Beleth'Rim foi expulso das legiões. Hoje ele toca na banda Vermeth. Beleth'rim até hoje é considerado um traidor que usa seu status como ex-membro do LLN para promover a si e seus outros projetos...


Baixe aqui a demo Devoted To Satan

BELKETRE


Formada por Vordb e Aäkon Këëtrëh, a dupla é uma das outras bandas principais do gênero, além de serem dois dos membros mais prolíficos do ciclo, já que participaram em quase todas as bandas do LLN de alguma forma. Esse projeto apenas lançou várias demos entre 1993 e 1996, seu único "lançamento grande" foi um split com Vlad Tepes conhecido como March To The Black Holocaust, aliás esses 2 grupos foram as engrenagens e mentes principais pelas regras e pensamentos das Legiões Negras. Há boatos de que uma zine haveria botado o endereço dos membros por engano na hora de terem publicado uma resenha de seu material numa edição, e Belketre ameaçou de morte o escritor dessa zine. Antes a banda teve duas encarnações que foram a Chapels Of Ghouls e a Zelda:

ZELDA (ANTIGA ENCARNAÇÃO DE BELKETRE)



VLAD TEPES 


A última banda a cair dos Les Legions Noires, essa dupla contava com Wlad e Vorlok (além do batera contratado Nifleim), ambos tinham uma banda menor com Vordb chamada Black Murder (que durou 2 demos). No mesmo caso do Belketre, lançaram uma infinidade de demos e apenas 2 splits. O último lançamento deles (e das legiões negras) foi a demo/tributo The Black Legions  que contou com covers do Mutiilation, Belketre e o Brenoritvrezorkre (projeto solo de Vordb). No meio tempo lançaram os projetos Vermyapre Kommando e Seviss (de acordo com o autor desse post, 2 das minhas bandas prediletas do LLN).






SEVISS

 

OS PROJETOS DARK AMBIENT:


Ironicamente quase todos eram maestardos por Vordb: Möevöt (que já existia antes do LLN), Brenoritvrezorkre (com um certo uso de noise e ambient), Susvourtre (feita junto com o Vorlok, durou apenas uma demo, porém contava com bateria e baixo e a temática de pedofilia) e Dzlvarv (com Aäkon), quase todos os projetos de Vordb foram feitos pela estranhíssima linguagem do Gloatre:


Infelizmente sobrou MUITAS bandas que ficaram de fora (inclusive a "fake legions", feita por canastrões que queriam se passar por bandas do movimento, ou apenas fãs absurdamente bitolados que levaram isso além de um mero tributo), porém os interessados nas Les Legions Noires, seus boatos e grupos podem consultar esse blog aqui para maiores informações, porém todos os links de download estão quebrados, mais fácil tu criar ou reativar teu bom e velho Soulseek e começar a caça ao tesouro.

Undergang - Um nome, duas bandas e duas desgraças...

Esse post relâmpago vai ser um caso curioso onde descobri duas bandas fodásticas que partilham o mesmo nome. No caso procurava sobre uma delas e acabei descobrindo a outra por acidente, mas enfim. vamos apresentá-las.

Undergang do rolê deathbanger:


Esse Undergang vem da Dinamarca, o power trio foi formado em 2008 com o intuito de fazer um death metal cavernoso e sem piedade. Quem é fã de Death/Doom do nível do Incantation, Asphyx e Bolt Thrower estará mais que satisfeito, até porque os membros do grupo vieram das cinzas de outra banda chamada "Realm Of Chaos".


Blast Beats, guitarras afinadas em cró, trechos cadenciados e arrastados e aquele vocal de nível 8 na escala Richter é o que lhes aguarda nas faixas desses malucos, infelizmente não tenho muito para falar das letras porque é tudo em dinamarquês e não entendo nada.


O grupo lançou dois discos (Indhentet af Døden e Til Døden Os Skiller), uma demo chamada T.D.O.S. e fizeram um split com o Funebrarum. Realmente não tenho muita informação sobre os caras, mas o que importa mesmo é que a brutalidade lhe aguarda quando der play nessas belezinhas. Aqui você pode sacar os 2 fulls deles no bandcamp e baixar de graça (ou se quiser, dar um trocadinho pra eles...)

Undergang do rolê hardcore/crossoverabadegodinez/thrash/crust semigrind:


Vindos da Suécia e com um pouco mais de história que os homônimos dinamarqueses, o Undergang (também conhecido como Undergång) faz um som rápido, impiedoso e divertido pacas, na linha Municipal Waste, DRI e Accüsed, com alguns requintes de Infest e Jerry's Kids. O curioso é a banda soar um pouco mais "única" quando comparada as bandas típicas do crossover thrash, talvez é por terem um pé no HC ao invés do Thrash Metal.

Formado em 2004, o sexteto também é conhecido por suas apresentações completamente insanas e energéticas, que normalmente leva os dois vocalistas do grupo a visitarem frequentemente hospitais após o rolê. Pode se ver em vídeos dos shows deles os membros usando tacos e pedaços de pau para atacar seu público e incitarem mosh violentos por conta própria.

Os caras tem uns 5 EP's, um álbum ao vivo e dois full-length's. Aqui deixo o link para o segundo álbum chamado "Mother Of Armageddon".

Coke Bust - Pois o hardcore e powerviolence podem ter diploma no PROERD


Hoje teremos um post relâmpago como as canções da banda de hoje, desfrutem a barulheira!

 

Coke Bust é uma banda de Hardcore/Powerviolence provinda de Washington DC (terra de lindezas como Minor Threat e Bad Brains, então tu já sabe que a fonte é confiável), conhecida por sua ética Do It Yourself, shows que por maioria das vezes são organizados por eles mesmos, além de serem Straight Edge.


Um som rápido, sem frescura e sem piedade  influenciado por petardos como Siege e Infest e também com base nas idéias do Youth Crew, esses moleques da terra da Casa Branca apostam em bastante grooves nova iorquinos seguidos de devastadoras metrancas e riffs dignos do pulso de Michael J. Fox.


Outro detalhe é que, diferente de muitas bandas SxEx do momento, os caras do Coke Bust tem temas mais politizados em suas letras, mas também não deixam de dar suas alfinetadas na socialização via drogas (vide EP's como "Fuck Bar Culture").


Uma curiosidade interessante: Os membros da banda tem o hábito de enviar mixtape e zines próprias para fãs que escreverem cartas para o grupo, segundo eles, para criar um laço pessoal com aqueles que curtem os ideais e música da banda.


A banda tem 3 EP's, 2 demos, 2 Splits e o único full length "Lines in The Sand", que deixo o link para download aqui.

Discografia:
Demo - 2006
Demo 7'' - 2006
Fuck Bar Culture EP - 2007
Cycle Of Violence tape - 2008
Split com Sick Fix (tape) - 2009
Lines In The Sand - 2009
Degradation EP - 2010
Live At WMUC EP - 2011
Split com Vaccine 7'' - 2012

Senior Fellows - "Ecclesiastical Servitude": a surpresa que ganha a sua semana


É na primeira vez na história desse blog que temos um material que uma banda nos envia para pedir uma resenha. O que tem demais nisso? A banda é americana e o CD foi mixado e masterizado pelo Brad Boatright (conhecido pelo seu trabalho no From Ashes Rise e já entrevistado no blog com a matéria do nosso apoiador, Homero Pivotto Jr.), os caras pediram com toda educação, então analisei o trampo com todo o cuidado e atenção possível e realmente fiquei pasmo com o que caiu em minhas mãos...

Bem, vamos lá então, hoje iremos analisar o trabalho do Senior Fellows, uma banda de Sludge/Doom provinda de Tulsa, Oklahoma. O grupo manda um som bruto, violento, arrastado e digno de qualquer banda grande desse gênero, remetendo a nomes clássicos como Grief, Dystopia e Eyehategod. Um dos detalhes que chama atenção é a produção absurdamente limpa, algo que não é muito comum nesse estilo de música. A produção limpa atrapalha o album? Claro que não!


Nesse debut dá pra ouvir cada detalhe, a força de cada palhetada, a raiva saindo de cada verbete, a dissonância dos acordes, além de uma variedade bem interessante entre as músicas, mas mantendo a consistência. Brad fez um trabalho maravilhoso com esses caras. Mas enfim, vamos a detalhes.

Abrindo com a faixa Atrocities explode the delusion of tolerance (já falei que os títulos dessas músicas são lindos?), já nota-se que não estão de brincadeira, com um som arrasta corrente e dedilhados dando uma atmosfera de misantropia absurda os caras já partem dali para Officer, are you detaining me, or am i free to go? com um groove mais intenso que se segue nas próximas faixas.


Durante o CD encontramos faixas com o uso de melodias interessantes, como as faixas A systematic review..., Fundamentalist Interpretation e Credit Default Swap, que ao meu ver tem os melhores riffs do trabalho, talvez as mais melosas, mas isso tá longe de significar uma música calma...

No lado mais tradicional do sludge metal, temos God Endorsed Slavery, Receive No Mercy... que representam bem o sons típicos do gênero, confesso que não são músicas inovadoras, mas elas tem uma qualidade digna para estar no mesmo pilar que bandas renomadas no gênero. Faixas completamente dissonantes e barulhentas como Terror, harm and justice e Underestimating the extent... dão um teor absurdamente psicótico, me lembrando bandas como Today Is The Day de uma certa forma.

Mas na reta final, duas faixas chamam completamente minha atenção: Edward the Confessor e Stepped Forward To Rule. Completamente viajantes, melódicas, psicodélicas e introspectivas.


No quesito lírico, infelizmente não me deram letras para eu acompanhar e analisar, mas julgando pelos títulos das músicas, os caras tem um contexto político, social e anti-religião de bandas como Dystopia. Mais um diferencial na musicalidade deles.


No final das contas, essa foi uma baita surpresa que caiu no meu e-mail nesse começo de semana. Uma senhora produção de uma banda que mesmo iniciando, começou no lugar mais certo possível. Os americanos do Senior Fellows mantém a visceralidade do início do Sludge, além de apostar na mistura com linhas mais melódicas e outras dissonâncias. Basicamente é uma banda que resume bem toda a história do gênero em um disco, perfeito pra quem manja nada dessa sonoridade e quer começar, aí tá prato cheio!

Nota final? não existe essa frescura por aqui, ESCUTE ESSES CARAS! SAIBA MAIS DESSES CARAS NO FACEBOOK!

Post especial do dia da mulher - Não, não teremos Runaways...

Na verdade ambos os autores do blog tinham ideias diferentes para posts hoje, mas achamos que o dia de hoje renderia um bom número de recomendações interessantes. Então hoje, dia internacional da mulher, iremos recomendar nesse post bandas fodásticas com mulheres na sua formação, sejam elas as frontgirls, boa parte da formação ou uma all girl band. E não, não recomendaremos Nervosa...

Enfim,  vamos para a lista:

DödsÄngel
 

Vinda do Canadá, essa garota prova que pra ser rockeira lá não precisa pintar cabelo de rosa, vestir-se como o Alexi Lahio e falar sobre garoto skatista. Essa one woman band faz um black metal old school, cru, sombrio e digno de vocês que comem cereal com Dollynho (convenhamos, você não deve ter amor a vida se tens tal hábito alimentar...).


DödsÄngel só tem uma demo, "Helgrind" que você pode baixar aqui.

Gallhammer
 

Como tenho um grande fascínio pela cena japonesa de música passada, não podia deixar de citar esse trio. Black metal com pitadas de Crust e até mesmo Doom, as garotas do Gallhammer fazem uma música absurda!


A banda ó tem 3 álbuns até agora, baixe aqui o disco "Ill Innocence", segundo da banda e o melhor na opinião desse blogueiro maroto.

O respeito é tamanho que se você ver o documentário "A Dying God" sobre o Celtic Frost, você verá uma cena onde Tom Warrior e sua trupe acompanham o ensaio dessas japonesas, sentiu a responsa?

Signal Lost


Esse grupo americano conta com uma frontwoman e uma baixista fazem um mix de pós punk com hardcore absurdamente fodástico. Baita melodias e uma cadência incrível nesse grupo, a vocalista Ashley Marshall até participou em uma música dos mitos do "burning spirit" não oriental, World Burns To Death.


Com 2 álbuns por enquanto na sua discografia, deixo aqui o "Prosthetic Screams" para ser conferido.

Grimes


Saindo do barulho, a Grimes é uma cantora canadense que faz uma mistura bem legal, passando pelo Synth Pop, industrial, darkwave e até um pouco de experimentalismo. Já fizeram comparações da música dela como "Aphex Twin tendo um filho com o Abba".  Cada música é uma viagem diferente, com muita atmosfera e ambiência, além do timbre de voz quase infantil dando todo um ar relaxante na sua obra.


Com apenas 24 anos, a canadense já tem 3 albuns e um split, confira aqui o último disco, "Visions".

Amanda Palmer e Dresden Dolls


Dresden Dolls é uma dupla que consiste de um baterista (Brian Vinglione) e uma pianista (Amanda Palmer), que curiosamente se definiam como "Cabaret Punk Brechtiano", difícil de explicar o som, mas é como se o filme Moulin Rouge virasse uma banda punk com músicas que falam de sexualidade, seja com relações, amor, parafilias, operações de troca de sexo...


Em 2008, após lançarem o seu terceiro disco, o grupo entrou em hiato, com Amanda focando em sua carreira solo. Nessa mudança, a pianista se foca mais no rock e outros gêneros, rola até uma baladinha com ukulele que incrivelmente não soa nem um pouco praiana.


Após 3 discos na carreira solo e participação em outros projetos, Amanda decide se reunir com Brian e o Dresden Dolls voltou em 2010, porém não saíram músicas novas ainda dessa reunião.

Deixarei aqui o link pro primeiro disco do Dresden Dolls e também deixo um link pro primeiro disco solo de Amanda Palmer.

The Gits


The Gits foi uma banda de punk rock de Seattle, formada em 1986, naquela efervescência de bandas que surgiram na região pelo final dos anos 80 e início dos anos 90, que ao contrário do que muitos pensam, foi algo muito além do grunge. A banda ficou conhecida pelo seu som enérgico e performances insanas. A formação da banda consistia com a frontgirl Mia Zapata nos vocais, Joe Spleen nas guitarras, Matt Dresdner no baixo e Steve Moriarty na batera.



A banda acabou em 1993 após o assassinato de Mia Zapata. Ela foi brutalmente estuprada e assassanidada na noite de 7 de julho daquele ano, enquanto voltava para casa de um bar. O caso ficou sem solução durante sete anos, até que após muitas investigações e testes de DNA apontaram um pescador chamado Jesus Mezquia com principal suspeito. Mezquia acabou sendo considerado pelo júri como culpado e foi condenado em março de 2004 à 36 anos de prisão.

Enquanto ativa, a banda lançou dois discos de estúdio, três singles, um disco ao vivo e participou de várias coletâneas. Embora nunca tenham assinado com uma major, é uma das bandas mais respeitadas e cultuadas do underground de Seattle até hoje, e muitas vocalistas de girl bands vem citando Mia Zapata como influência. Deixo aqui o download para o primeiro disco da banda, "Frenching the Bully" de 1992.

Fastbacks


Também de Seattle, o Fastbacks fazia um som baseado no punk rock com bastante influência ramônica e do pop bubblegum dos anos 60. A banda foi formada em 1979 por Kurt Bloch (guitarra), Lulu Gargiulo (guitarra e vocal) e Kim Warnick (baixista e vocalista) e encerrou suas atividades em 2001. Foi uma das primeiras bandas de punk rock de Seattle.

A banda teve sempre constante em sua formação Lulu, Kurt e Kim, porém o posto de baterista era sempre instável. Até Duff McKagan (sim, o cara do Guns) já ocupou o posto de batera da banda. A banda sempre teve bastante destaque na cena de Seattle e chegou a assinar com a Sub Pop por volta de 1992. Antes disso eram do cast da Pop Llama, outra gravadora independente de Seattle bastante importante.



Para baixar, deixo o primeiro álbum deles, "Fastbacks and His Orchestra", em minha opinião o melhor da banda um dos melhores discos de todos os tempos. Simples, autêntico e mesmo belo. As canções pop punk ficam ainda mais deliciosas de se ouvir com os vocais femininos, que dá um gostinho especial na coisa. Altamente recomendado e viciante!

Demolition Doll Rods


A banda é de Detroit. Só pela localidade já deduzimos que é veneno. Como mentor, tem Danny Doll Rod (guitarrista), que era do Gories. Ausência de baixo, influências de Cramps, Stooges, MC5 e Jon Spencer Blues Explosion. E ainda, duas garotas na banda, Margaret Doll Rod (guitarra e vocal) e Christine Doll Rod (bateria). Rock 'n' roll altamente primitivo, regressivo, sem pudor, selvagem e garageiro!



A banda ganhou destaque pelos seus shows, absolutamente insanos, onde costumavam tocar vestidos de drag queens, fantasiados de roupas sadomasoquistas ou mesmo nus. Sem pudor nenhum mesmo. E as letras, nem preciso falar que falam dessas coisas lindas como sexo, drogas, corridas, meninos & meninas, mais sexo... Ou seja, LINDO!

A banda encerrou as atividades em 2007, depois de 13 anos sem parar (a banda foi formada em 1996). Deixo aqui o disco "Tasty", de 1997, altamente recomendado para os apreciadores do rock 'n' roll regressivo, sacana e sem precedentes.

Gorilla Angreb


Formada em 1999 inicialmente apenas como um projeto dos membros da banda Amdi Petersens Armé e sendo levada mais à sério em 2002 após o fim da mesma, o Gorilla Angreb é de Compenhague, Dinamarca, e uma das bandas mais legais que aquele país já teve. Formada por Mai Sydendal (linda...) nos vocais, Peter Bonneman na guitarra e vocal, Retardo no baixo e Tommas "Banger" Svendsen na bateria, a banda manda um som baseado no punk rock clássico dos anos 70 e nas bandas americanas dos anos 80, além de algumas pirações garage e pós punk. Também cantam em dinamarquês, não dá pra entender merda nenhuma, mas é muito massa.



A banda encerrou as atividades em 2007 e nunca chegou a lançar nenhum full lenght, porém lançou vários singles 7'' e EPs, que em 2006 foram compilados em um CD que leva simplesmente o nome da banda e traz todo esse material. Aliás, essa é a coletânea que deixo aqui para quem quiser conferir a banda. Para fãs de X, Wipers, Germs, Regulations, Vicious, Masshysteri e Wax Idols.

Post idealizado por Rodrigo.
Releases DödsÄngel, Gallhammer, Signal Lost, Grimes, Dresden Dolls e Amanda Palmer por Rodrigo.
Releases The Gits, Fastbacks, Demolition Doll Rods e Gorilla Angreb por Maurício.

Cape Of Bats - Vampirismo gótico blackened punx


Mais um post curto e direto para esse clima de carnaval, nesse clima de fantasias e felicidade, vamos falar de algo completamente oposto: vampiros (que existem) e agressividade...

Cape Of Bats é um projeto controlado pelo irlandês Francis Kano e conta com a participação da baterista americana Cassidy McGinley, porém ao vivo contam com a participação de outros membros de bandas como Coffin Dust e Castle Freak.


No quesito sonoro, a banda faz uma mistura de sons bem peculiar, indo do d-beat e power violence, passando pelo black metal e até flertando com darkwave e surf music. Nomes como Samhain, Septic Death, Mighty Sphincter, Danse Macabre e Müttilation certamente deve ter inspirado essa turma.
 
 

Liricamente e tematicamente, a banda escreve basicamente sobre assombrações, medo e horror. Porém o destaque é o lançamento do EP Transylvania, que seria um trabalho conceitual sobre Abhartach, uma das possíveis influências pro mito vampiresco do Drácula. Uma lenda curiosa de se conferir.

 

Aliás, um detalhe curioso sobre o último EP deles: Nas gravações, foi usado um piano velho, usado e desafinado o qual a baterista da banda tem, além de que o instrumento usado ficava dentro da sala de onde ocorreu um violento assassinato. De acordo com Francis, a história por trás do piano combinava perfeitamente com o conceito e daria um ar ainda mais cinematográfico para as composições.
 

Cape Of Bats é uma banda única de se ouvir, principalmente se procuras algo novo e com identidade, ou apenas procura algo sombrio pra ouvir enquanto assusta menininhas fãs de Anne Rice e Van Helsing.

Você pode conferir e baixar de graça o EP Transylvania aqui. Ou conferir material no bigcartel da gravadora da banda. Apreciem:

Seven Sisters Of Sleep - Drogadição sonora


Um post curto, direto e stoner bagarai, ótimo para o clima de chuva que está dominando esse domingo, digno de missas negras e rituais ocultistas, hoje lhes apresento a banda Seven Sisters Of Sleep.


A banda californiana tem o seu nome inspirado no livro homônimo escrito por Mordecai Cooke, tal obra fala sobre a utilização e criminalização das drogas pela história da humanidade. O som desses caras realmente remetem a drogadições, já que flertam com 2 dos estilos de metal mais chapados do mundo: Stoner e Sludge.


No quesito musical, Seven Sisters of Sleep tem algo curioso, misturando Stoner/Sludge com hardcore e grind. Blast beats, riffs arrastados, afinações e tonalidades de guitarras quase sabbathicas, vocais odiosos e completamente abafados, é a trilha sonora para pesadelos criados na base de bad trips.


No quesito letras, a banda fala de religião, heresia, julgamentos finais, drogas e alucinações. A própria banda fez um mini DVD de suas músicas misturadas com cenas de filmes como Fausto e Montanha Sagrada, um acompanhamento visual importante para sacar sobre o que a banda se trata.


Por enquanto eles só lançaram um CD e alguns EPs/Splits. Mas animem-se, esse ano eles lançarão seu segundo cd, Opium Morals, pela A389 Recordings. Enquanto isso curta o sons dos vídeos e lhes deixo aqui o álbum auto entitulado deles.


Discografia:
Seven Sisters Of Sleep (self titled full length) - 2011
Light Bearers of Darkness (DVD) - 2011
Split com Children Of God - 2011
Seven Sisters Of Sleep EP - 2012
Opium Morals - Para sair em 2013

Xibalba - Hardcore anti tudo dos brother


Californa, terra do skate, sol, Arnold Schwarzenegger governando e do hardcore melódico. A banda que falamos hoje é de lá, porém é tudo menos felicidade. Xibalba é um local, o "lugar do medo" de acordo com a mitologia maia, onde os deuses da morte reinam. Creio que com uma tradução dessas, músicas alegres é o que você menos espera desses meliantes.


Os caras fazem um hardcore groovado bem na linha de bandas como Merauder, Hatebreed e outras dessa geração HC aba reta com afinação dropada e o tal dos breakdown e beatdown. "Mas porque você vem nos mostrar o hardcore dos brother, Rodrigo? já não temos respeito, família e ruas sendo repetido o suficiente por esses wiggas?" calma, meus caros, aí que está o destaque desses californianos. Apesar de serem uma banda de hardcore do gueto, os caras tem uma influência monstra de Doom, Death e Sludge metal. Esses caras comem discos do Crowbar e Morbid Angel no café da manhã, talvez eles seriam a verdadeira definição do "Deathcore".


As afinações ultra graves (Guitarras afinadas em Lá sem apelar pra instrumentos de 7 ou 8 cordas, CHUPA ESSA, WHITECHAPEL!), timbres cavernosos, andamentos absurdamente lentos e uso de blast beats e rolos tribais. Na questão lírica, Xibalba fala desde a vida de merda e sobrevivência, passando por paranóia e histórias de amor mal acabadas e sucedidas por vingança. Outro fato interessante é a mescla de trechos em inglês com trechos em espanhol, parece idiota, mas dá um gosto único na parada!


Por enquanto os caras só lançaram 2 álbuns. Mas vou dar destaque ao "Hasta La Muerte", já que esse migra mais pro lado metal da banda, além de ter um cover absurdamente foda  de uma banda clássica de hardcore dos anos 70 (o próprio Xibalba trocou o nome da música, não me pergunte porque, mas creio que é até mesmo para disfarçar que é um cover e não pagar royalties, nunca se sabe...).


Além desse caos todo, ainda tem músicas com participações do Greg Anderson do Sunn O))). Sentiu a bad vibe? Aqui lhes deixo o link para download. Agora tire os móveis da sala, faça bongs com garrafas pet, crie um pentagrama na base de linhas de cocaína, decore sua casa como uma espécie de inferninho de vizinhança latino americana genérica e começar o pit mais violento desse mundo.


Discografia:
Madre Mia Gracias Por Los Dias (2010)
Earthquake (2010)
Hasta La Muerte (2012)

Church Of Fuck - O verdadeiro culto à desgraça


Vamos fazer algo um pouco diferente, não vamos falar sobre apenas uma banda, coletânea ou bandas reunidas por questões geográficas. Hoje o assunto será sobre um selo independente vindo de Manchester, Inglaterra. Focado apenas nessa nova geração de Metal com hardcore que realmente escutam bandas decentes dos respectivos gêneros.
 

Chefiado pelo Thee Tyrant (o senhor da foto acima, conhecido como vocalista da extinta banda Knife Crimes), a gravadora já lançou até agora 19 materiais, maioria são Eps e demos lançadas em tapes. Porém de acordo com o próprio, os futuros lançamentos irão se focar em vinis e cd. Como tem muitas bandas pelo selo, vou me focar em algumas em 3 bandas que foram lançadas pelo selo. Então vamos lá.

Swinelord


Essa banda já estava a um tempo para ser promovida neste blog, mas como só lançaram um EP ficava difícil escrever um post inteiro sobre os pintas. Mas enfim, Swinelord é um grupo de grind/crust absurdamente bronco, guitarras afinadas em Jó, blast beats impiedosos e trechos arrastados e ainda aqueles breakdowns de Brutal Death Metal. Confira aqui para escutar e baixar o I Feel Fucked (você se sentirá assim também após ouvir isso):

 

Trudger


Imagina se Mastodon estivesse ainda tocando um sludge impiedoso como do Remission, agora adiciona um vocal gutural extremamente grave. Isso é que você sente ao ouvir Trudger, riffs épicos e vocais de revirar a tua garganta. Sludge Prog impiedoso e violento, chequem essa gurizada de Barnsley e escute o ep Motionless In Dirt:

 

Esoteric Youth


Esse quarteto de Manchester é pura bad vibe. O Feeling maligno e melodias de bandas como Cursed e Young and In The Way, mais um peso absurdo de grindcore. Das minhas 3 indicações, é a que tem o repertório mais longo, uma demo e um split. Confira aqui a Demo e o Split com Prelude To The Hunt:


Curtiu as bandas? quer saber mais do selo e acompanhar os lançamentos? só sacar o Bandcamp e Facebook do selo para fazer stream e download dos próximos lançamentos. E para quem quiser comprar os caras tem um Bigcartel onde vendem o material a um preço justo. Pois a cena independente fica além da nossa cidade e do nosso país, lá fora também tem muita banda fodástica recém dando seus primeiros passos, ajude-as de alguma forma. Divulgue, compre, apoie!